No sexto dia o homem fez deus sua imagem e semelhança.


Não posso crer em um deus que necessite ser adorado constantemente, tão pouco em um deus que pede para que sejamos coitados, lascados, aleijados, pobres, feios, submissos com um olhar voltado ao chão, pois só agindo assim entraremos no reino dos céus. O que tem nesse reino? Me dói ver a cegueira de poucos que me cerca. Não quero soar fanático, como aqueles que gritam nos terminais de ônibus palavras escritas em um livro de centenas de milhares de anos sem sequer ter um olhar crítico e temporal. Sim! Pois eles são  alguma espécie de bactéria que se alastrou pela humanidade, e curiosamente a parte pobre da humanidade adota tudo que saí de suas bocas escancaradas e fétidas como valor de virtude: mais miseráveis, coitados, e devotos.


Todas essa merda gira em torno de uma espécie de sentimento de auto comiseração, dos filmes da sessão da tarde onde o mocinho é: pobre, maltrapilho e honesto e e o vilão: rico, bonito, e esnobe, a senhora de subúrbio que sonha em comprar o seu "barraco" (Ela faz questão de falar barraco, pois é humilde e não quer luxo algum, pois espera que deus a dê). Tudo gira em torna desse processo de moralização da massa em que a auto comiseração é uma grande, senão a maior, virtude. Pois submissos e sem ganância são mais úteis aos que estão no topo pregando a moral e os bons costumes e comendo ostia com café. Quantas vezes foste sincero consigo e com os outros dizendo que sim, estavas bonito? Que fazia algo bem? O que acontece quando assume isso as pessoas? Como elas olham-te? Creio que não tão bem. Agora faça o contrário, seja coitado, humilde. Elas te amarão. Sempre funciona.


Seja temente a deus! Deus castiga! Deus não gosta! É de fato deus que se desagrada com tais erros do homem comum? Esse mortal gosmento que se rasteja por esse planetinha medíocre com dias contados? Que tolo seria eu ao adorar um ditador intergalático. Embrulha-me o estômago ao olhar para uma igreja, para uma matriz, essa que é o centro de todas as coisas, de todas as desculpas para continuar fazendo que se deseja, o que se ambiciona. Controle. Controle. Um castelo de imagens e palavras de um moralismo falido mascaradas de amor ao próximo. Habitat do imundo animal que por vezes é o homem. Uma força, um sistema que leva dona Maria e Seu José a crer que estão fazendo a coisa certa e de que tudo é obra de um ser bom, um ser de luz, um ser impiedoso.


Culpa? Eu não coloquei ele lá. Eu não enfiei pregos em seus punhos.Eu nem sei ao certo se de fato existiu tal ser supremo, mas o que sei é que o que é pregado pelos que consideram-se seus discípulos não é nada do amor e da encantadora beleza das palavras daquele espírito que nós seres medíocres deveríamos ser, a ideia dele era ser humano, mas os porcos precisam comer bem, se vestir bem e amor não da dinheiro. Como posso crer em algo que torna a morte de seu salvador seu símbolo? Que lembra e relembra seu sofrimento como gerador de um sentimento milenar de culpa? Nada mais que uma arma de controle.

Não foi Nietzsche que matou deus (é fato que ele ajudou a enterrar), Não foi o modernismo que matou deus, não foi a ciência que matou deus, não foi a coca cola também, os que mataram deus hoje pregam em seu nome. Esqueceram de fato o que e quem foi Jesus de Nazaré, esse andarilho, filósofo e acima de tudo humano. HUMANO. Não é ele, o deus, que pede isso. Que pede pra que use tais roupas, para que haja de tal forma, para que tenha pudor e para que se espante e recrimine quando alguém fala em sexo. A grande verdade, a minha grande verdade, que também é  de centenas de milhares de outros "pecadores" do mundo é que no sexto dia o homem fez deus sua imagem e semelhança.

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