Profecias do manequim oco.




Por mais prolixo que possa parecer, é verdadeiro. Os signos passam como nuvens, e o que outrora fora um brilho lunar, hoje não passa de uma luz recortada e facetada de um ecrã. A sensibilidade que possa existir em um calcário esta no olhar daquele que o observa.

O manequim permanece oco e parado... Estático diante da película que o divide do movimento agitado do mundo lá fora. Nada mais importa além do espelho; nada mais importa além da voz e dos problemas do espelho. Um nada preenchido de si mesmo preenche o oco de um mundo qualquer.

Os ponteiros retrocedem avançando, e a face que me olha nada mais é do que um estranho. Um estranho esquisito, frágil e escroto que permanece... Permanece.

Jamais.

Jamais lembrar desse outro alguém. Palavras inúteis para a inutilidade de um alguém, para a inutilidade de um sentimento. Sentir... Quem sente são os tortos espelhos do planeta.



O sol atinge o chão, brilha, esquenta e a caixa branca permanece fechada guardando um covarde. Guardando uma simulação... Uma simulação de algo inexistente, incoerente, incompleto e repleto de imagens simuladas de seu próprio futuro.

Vou-me, me vou para além mar... Vou-me... Vai-se.

Morre!



Uma revoada rasga o céu e atinge o âmago daquele que olha. Talvez o cegar-se seja libertador.







Felipe Damasceno.

Sempre será seu enquanto não tiveres.


Alguns devaneios: 


É claro que essa não será nossa única maneira de relação.

Se nós vivêssemos em um mundo onde o ver não fosse tão importante, sentido esse eleito como principal diante dos outros, talvez não ligássemos tanto para a imagem. Óbvio a imagem existe por que existe o ver, sem o ver a imagem não se torna possível, acredito que você deva concordar comigo, não?

É um pedaço de carne. Pedaços de carne com epilepsia agarrados uma a outra (simulando mentalmente estar com outras pessoas) em busca da liberação de fluídos e algumas correntes elétricas a mais ou a menos, sei lá, no sistema nervoso central. Claro existe a parte do sentimento e coisa e tal, mas isso é algo mais complexo. A grande verdade é que acredito nunca ter gostado dessa que é a atividade central na criação de músicas, programas, conversas, cosméticos, bebidas alcoólicas e uma miríade de produtos do homem contemporâneo.
 
A grande verdade disso tudo é que a graça não esta no fim, mas no meio. No entre, no quase, ou seja, o gerúndio é mais interessante do que o presente. O devir de obter algo é o que tem sustentado nossa sociedade consumista e hedonista. Tudo começa com o não ter e o não ter que faz você querer algo. Na verdade é o eterno querer, o eterno necessitar. Schopenhauer não me deixa mentir. Eu quero o tempo todo, o problema e que só quero, o querer em si me sacia. Ver que alguém te quer muitas vezes já é o bastante. Ser desejado. Ser cobiçado. A partir disso concluímos que só posso desejar algo que não possuo, ou seja, se entregar-me, deixo de ser desejado e torno-me ultrapassado e sem graça. Sei que soa absurdo, mas é assim que tenho percebido certas possibilidades de relacionamentos. Possibilidades essas não concebidas por causa desse sintoma. Eu vejo em toda parte, nas boates, nos bares, nas conversas, nas fotos de perfil enfim, por toda parte vejo que a um despertar desejo no outro, mas paralelo a isso há uma inacessibilidade e uma impossibilidade.

Não sei... Isso é tão latente, tão gritante, tão... Tão... Enfim.



I wish ... eternal desire. Even death.




Pesquisar este blog