Um sono de 165 anos.


O sono durou 165 anos. Após ter destruído minha coluna vertebral em um acidente que não me lembro bem, fui conservado durante todo esse tempo, não envelheci um dia e despertei com parte de meus amigos do século 21 ao meu redor. Um deles me trouxe uma armadura que envolveu meu tronco para que pudesse andar novamente. Parecia que tinha tirado um cochilo, um breve cochilo.
Acordei assustado perguntando por quanto tempo tinha cochilado, e um deles me respondeu que dormi durante quase dois séculos. A primeira pergunta que me veio foi se a minha mãe ainda estava viva, e tive como resposta que não, de alguma maneira a visão aérea do dia da morte de minha mãe estava registrada em uma espécie de celular de um desses amigos. No vídeo ela tinha sofrido algum problema de saúde um uma ambulância que à levava apressadamente para o hospital (os carros ainda estavam presos ao chão, ou seja, fazia muito tempo que isso tinha ocorrido) quando e uma curva a ambulância capotou e fechou a rua após isso a câmera do vídeo que assistia focou em um homem com capa que tinha planejado tudo aquilo para impedir o livre fluxo da rua por algum motivo, na ambulância capotada minha mãe morreu. Fiquei sem ação em ver aquelas cenas. Tudo estava muito confuso. Como aquilo podia ter sido gravado? Parecia filme policial, novela.

O quarto era simples, rústico devo acrescentar. Questionei-me: Que diabo de futuro é esse? Será que em quase dois séculos não houve nenhuma mudança? Por que eles estão imóveis diante de mim?
A armadura me acoplou a meu corpo. Era uma barra metálica com braços frios, a frieza do metal, como que simulando uma coluna e suas costelas. Ela abraçou-me e sumiu, como se minha pele tivesse a absorvido e então me movimentei, me levantei.
Agora tinha 83 anos com corpo de 22 e maturidade de 22, pois todos os 61 anos eu tinha dormido. Saltei no tempo e permaneci o mesmo. Não sabia o que era, não sabia mais quem era, muito menos onde estava.

O que se fazer em um sábado de semana santa?



O que se fazer em um sábado de semana santa, afinal no domingo ele esta voltando?
Bem! Caros amigos, nada mais conveniente do que sair para uma noite pecaminosa e fazer mais um estudo antropológico.
Acredito que todos devam conhecer a DIVINE. Santuário das bee’s que desejam dançar, beber e talvez encontrar o príncipe encantado ou simplesmente uma fornicação descartável de fim de semana, ou como minha vizinha evangélica definiu certa vez – Aquele lugar onde mulher quer ser homem e homem quer ser mulher, o que não acho bem verdade. O fato é que depois de muito tempo afastado de lá (Sim! Caros amigos, eu era assíduo aos domingos) percebi que é um dos lugares mais divertidos que já andei. É bem verdade também que o lugar tem uma energia pesada, onde no início desalinhava todos os meus chackaras. Mas o que mais me admira é que as pessoas que são lascadas assumem isso, não ficam fingindo que tem dinheiro (se bem que isso tem em todo canto, mas lá o índice de bicha besta é menor)

Uma das pérolas da ultima noite foi uma bicha interagindo com o dance fazendo falsete de soprano. A cada batida do dance ela soltava uma nota, uma vez era ré, outra dó, enfim a gata era do coral. Joguei-me na parede de tanto rir. Na tentativa de dançar, uma bicha chata de cabelo alisado jogava o cabelo o tempo todo na minha cara, sem dúvida ele tinha alisado naquele dia por que não parava de mexer naquela putaria.
A pesquisa em torno do comportamento humano prossegue até mesmo dentro da sala de vídeo, e eu lhe garanto que o que estava sendo exibido não era ‘’A Lagoa Azul’’ ou ‘’Denis O Pimentinha’’. O que tinha lá dentro, além do filme pornô, era um homem deitado dormindo, uma bee fazendo carinho na orelha de um ‘’boy’’(reforcemos o negrito das aspas, por favor) declarando publicamente suas intenções fornicadoras e concupiscentes para com a vítima. O outro ser humano era uma bee que a cada abrir e fechar de porta da sala fixava o olhar como quem via o príncipe encantado que tanto esperara entrando. O filme era detestável e sobre filmes pornográficos eu entendo, afinal de contas são eles que saciam minhas necessidades fisiológicas básicas. Não quero entrar em detalhes acerca da experiência cinematográfica ali vivenciada, apenas que os boys do filme eram feios, magrelos demais e um deles estava de pinto mucho (ou para as rebuscadas: pênis em ponto de repouso) o que me faz ficar descrente do ato sexual e perder o interesse.

Outra coisa que me fez mijar de rir foi uma semi-trava, pois tinha peruca mas a roupa era de homem, talvez ela fosse vanguarda, não entendi direito. Ela deu duas voltas no meio da sala, todos olharam para ela, jogou o cabelo para o filme abriu a porta e ficou olhando para gente fixamente do lado de fora da porta até a porta fechar, quando ela estava quase fechando jogou o cabelo, deu rabissaca e foi embora.

Bem! a noite foi ótima, me diverti horrores com minha friend

Causos da madrugada.

Insônia é algo que já estou acostumado a tempos. Nem sei se de fato é insônia sabe, acho mesmo é que gosto da noite e me acostumei com ela. Gosto da manhã, adoro o café da manhã e o cheiro de carbono de manhã urbana, mas o excesso de barulho e gente apressada me cansa.


Bem, em uma dessas noites resolvi contemplar o silencio da noite sentado na porta de onde moro ouvindo Madonna (claro!). E então de repente me surgi uma garota, linda devo admitir, com cara de rica. Passa por mjim e pergunta se ando no Feitosa, disse que sim, mas apenas uma ou duas vezes. Se apresentou e falou de sua angustia.

ELA: Cara! Não consigo dormir, tava  muito afim de me drogar, ai decidi sair pra comprar sabe.  É uma
merda eu sei, mas se não usa não durmo.
EU:  e que droga você usa?
ELA: Eu to com maconha aqui no bolso, mas não sei enrolar. Você sabe?
EU: Sei não gata. Que foda isso de droga né?
ELA:  É pior. você vai ficar ai? Quando voltar agente conversa.
EU:  Não vou não, tenho que trabalhar amanhã.
ELA:Então vou indo. Tchau.
EU: Tchau. Cuidado ai.

Achei tudo muito cênico. Muito  mesmo. Não criei juízo de valor algum, apenas achei a situação absurda. Do nada uma figura me para perguntando sobre coisas como se me conhecesse. Enfim.


                                                                                                       Felipe Damasceno

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