Conectadamente desconectado.


    Vivemos atualmente em uma sociedade onde a informação, a idéia, tem valor predominante, sendo a informação o principal produto a ser comercializado hoje em dia.

    Comercio do imaterial. Imaterial no sentido que consumimos o ''conceito'' do produto: a informação do livro , o sabor da comida, a música do CD. Claro que isso sempre existiu, mas acredito ser diferente de outros tempos se sublinhado, grifado e riscado violentamente o hedonismo exacerbado que vivenciamos hoje em dia. Em outrora eu comia por que tinha fome e não por que tenho vontade de sentir o sabor de determinada comida. Também! Mas esse não era o fator que me motivava a comer. Vivemos um luxo não vivenciado por sociedades antigas. Comemos por que queremos sentir, experimentar.

    A partir dessa ''overdose'' de informação que vivenciamos atualmente, onde temos acesso instantâneo a notícia de nossa região e do globo, acredito ( eu, ta!) termos nos tornado criaturas desconectadas da realidade e dos outros. Paradoxal, não? Essa enxurrada  de informações, aparentemente causa uma espécie de anestesiamento a nível coletivo. Uma inação no que concerne aos direito do todo, ou seja, do coletivo. Há um problema, mas mesmo tendo a posse das vias de comunicação, não há uma aglomeração de mentes pensantes em prol de acabar com o que pra essas mentes é um problema(e falo aqui de ações físicas e concretas, e não compartilhamentos de imagens, mesmo sendo de suma importantes, nem sempre resolvemo possível problema. Aparentemente apenas o fato de divulgação de uma idéia, de ter uma idéia já é o bastante. Claro que existem suas exceções, onde a rede foi usada para libertação da criticidade  e divulgação de vários manifestações pelo mundo. Mas o que quero dizer é que há essa conexão estrutural, mas não há uma ligação entre as próprias pessoas. Aparentemente é isso: estou sozinho acompanhado de alguém. Estou em um monólogo com outra pessoa que também esta em um monólogo, não em diálogo.

    O diálogo existe quando há uma necessidade de alguma das partes. Quando um precisa de algo que o outro possua, e isso vai de :
-Me empresta teu vestido?
a:
-Hoje eu não estou bem.

                                                                                                                 


                                                                                                                    Felipe Damasceno.

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