Revolução instantânea.

Diante da urgência por mudanças, se tornou recorrente o discurso crítico a cerca da forma como o país se manifesta e vê manifestação. Não há aqui um pedido de espera e de paciência. O CHEGA! talvez, nunca foi tão gritado.

Essas mudanças se dão gradativamente, em acúmulo e não como a história escolar nos ensina, de forma pontual e brusca. Nada na história, tida como história, se deu no virar de páginas. Requer tempo. O que acontece nesse país atualmente é um acúmulo de anos, décadas que se desenrolam em ocupações, atos e manifestações em prol de causas que tangem a nós. A todos nós. 

Existe uma utopia e um argumento que usamos, ou para não ir ou para deslegitimar, ou pra dar uma de crítico bosta mesmo: "mas se todos fossem, poderíamos..." Não acredito nesse todos. Eu acredito em muita gente. E isso requer tempo, se constrói em pequenos/grandes atos, pequenas/grandes ações. Escolas secundaristas ocupadas por todo país, universidades, atos quase semanais, manifestações na internet que vazam pra grande mídia e vice versa, pessoas discutindo na rua, pessoas pensando, se posicionando sobre tudo o que esta acontecendo. Se isso não é caminho para alguma mudança, se não é conscientização, eu não sei o que poderia ser.

Pra pensarmos que esse conceito de mudança e """""revolução""""" romantizada com uma Katniss Everdeen, um Neo nos filmes... Se desenvolvem por aqui, pelo tido mundo "real", de outra maneira. E ela esta viva.
Damas.

Manequim - a vitrine nos separa e nos aproxima.

Manequim que me observa ou o contrário?
Onde o corpo do manequim, ele me vê, me degusta, me apalpa com seus olhos eróticos e plásticos.. Manequim calado, parado. Eu, boneca de carne observo sua simetria, sua pele de plástico, seus lábios coloridos , olhos fixos em mim, olhos que dizem calados. Expectativa de que lacrimejem, que liquefaçam todos meus desejos nessa troca onde a fronteira é essa película de vidro. A vitrine nos separa e nos aproxima, nesses segundos na multidão. Película que me reflete, que me dobra, que me triplica e multiplica por vários possíveis, variáveis, possibilidades. EUS.



Valor nutricional dos tecidos crus


FASTWEBDOC - Sobre todo o fetiche pelo orgânico, o tesão pelo natural e "da terra". Desfilo em uma passarela seca de mato, borboletas mortas, animais atropelados, e capim fresco. Eu fashionista, metropolitana e sustentável. Cabelo azul, coturno, nascida analógica, hoje digital, experiencio tecidos crus em uma empreitada de desconexão com a selva de pedras. Colar de sementes, voz doce e baixa, violão, fumaça de fogueira, silêncio, tempo sem fim. Eu dei login no sertão, sobrevoe... Rastejei... E por hora estou offline.








foto: Alex Hermes

foto: Alex Hermes











Câncer


Nem sei mais pra onde caminho. a verdade é que cansei de mim. Cansei de ser eu. Cansei de deter-se em um chão de ovos, por medo de quebra-los. Não há nada a que se apegar, alem do fato de que sou apegável e apegado. Preso. Contido. Silêncio. Como carnaúbas em meio ao sol quente, me finco estático no meio de povos inteiros, marginais. Egocêntrica... Tsc tsc!

O leite que derramaram no ditado é as lágrimas retidas nas retinas de um carangueijo que se rejeita enquanto tal.

Silêncio.

Parto rompido, parto iniciado.Estado de pós parto depois de dores que são necessárias;. Me sinto como essa fêmea, que se recupera de algo belo e doloroso. Não. Não me recupero de nada além da minha não aceitação de um eu fadado ao lamento. Lamento... Palavra grotesca que escorre de uma  clã pautado no sofrimento do cara pregado na madeira.O homen perfeito que se mata por um ideal e que é lembrando com doses cavalares de culpa.Um mundo de culpa.Uma vida de culpa. Culpas como tratores que moem montanhas e abrem caminhos ingrimes e tortuosos rumo a mediocridade humana.

Silêncio.

Eis que sou um oceano de silêncio e desconcerto. Calado, estático e fervendo como chama, como incêndio. Raiva condensada de mil vidas.Injustiça engarrafada nas estantes de uma mente carente e miserável. Fracasso. Grávida... A gravidade age sempre contra todos os corpos que se colocam como carne, pois é fato que se deitar diante do problema é sempre o mais cômodo. Mas... O que se fazer diante de um desmoronamento de terra? O que se fazer diante de um desmoronamento de mundo... De si? Minha cabeça dói. Não... Eu não sofro mais. Estou bem, eu estou bem.

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